Notáveis Carregosenses
Bispo Conde D. Manuel Correia de Bastos Pina
Nasceu a 19 de novembro de 1830, foi batizado a 26 do mesmo mês e faleceu no dia em que fez 83, no ano de 1913. Foi o 57° Bispo de Coimbra de 1872 a 1913 e o 22° conde de Arganil de juro e herdade. Começou os seus estudos em Ílhavo, com o Dr. José António Pereira Bilhano, que depois foi Arcebispo de Évora. Mandou construir junto à sua residência familiar, na Quinta da Costeira, em Carregosa, o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, inaugurado em 31 de agosto de 1902, tendo os trabalhos de construção sido iniciados em março de 1898. Este Santuário foi o primeiro consagrado a Nossa Senhora de Lurdes, em Portugal.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Correia_de_Bastos_Pina
Comendador Fernando Pinho Teixeira – empresário Fundador do Grupo Ferpinta
“Desde sempre conheci o valor do trabalho, sendo este a única forma de ultrapassar com dignidade as agruras da vida” é a lição de vida que o empresário Comendador Fernando Pinho Teixeira lega para a posteridade.
Nascido a 26 de dezembro de 1936, no lugar de Arrifaninha, freguesia de Carregosa, percebeu, que a sua vida seria marcada pela dedicação ao trabalho e aos outros.
Ainda criança, foi o sustento dos irmãos mais novos e o apoio de um tio com dificuldades motoras e financeiras. As necessidades obrigaram-no a fugir de casa, a pedir esmolas e a fugir uma vez mais. Aos 17 anos começou a trabalhar como mecânico numa oficina de reparação de automóveis, em Oliveira de Azeméis. Mais tarde, de mecânico passou a trabalhar no fabrico de máquinas. Seguiu-se a vida militar e, nos tempos livres, a dedicação ao fabrico de peças em ferro forjado. Depois do casamento com Lucinda Jesus Pinho, com o dinheiro que juntou, abraçou a vida profissional por sua conta.
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D. Eduarda Elisa de Sousa Vasques
Dª. Eduarda Elisa de Sousa Vasques, filha do Carregosense José António Vasques, nasceu no Brasil em 1845, casou com Sebastião José Vasques, de quem enviuvou cedo e sem filhos, tendo posteriormente casado com António Simões dos Reis, Presidente da Camara de Oliveira de Azeméis entre 1880-1881. Faleceu em 1910, encontrando-se sepultada no cemitério da freguesia de Carregosa. Em reconhecimento da sua abnegação a favor da freguesia foi atribuído o seu nome à Rua frente à “Villa Vasques”.
Dona de uma considerável fortuna mandou construir a “Villa Vasques”, em 1883, para servir, à data, como Escola Primária, sendo o edifício escolar mais antigo do concelho de Oliveira de Azeméis.
É um edifício com traça do neoclássico oitocentista, caracterizado pela simplicidade, funcionalidade e simetria, submetendo tudo ao carácter utilitário, com pouca decoração escultórica, talvez consequência dos tempos difíceis e reflexo da simplicidade pombalina.
Este edifício, cedido à Freguesia de Carregosa, foi reconvertido a outras funções, tendo sempre sido utilizado em benefício público. Este edifício já serviu de apoio aos serviços da Junta de Freguesia e à Paróquia, de CTT, Posto Médico, Biblioteca e sede de várias associações (Banda de Música de Carregosa, Universitários de Carregosa, Urate e Comissão de Assistência Social de Carregosa), funcionando atualmente como Posto de CTT e Serviço de Atendimento ao Freguês (SAF).
Também partiu de si e do marido António Simões dos Reis, advogado, a construção de um Asilo com intenção de acolher advogados aposentados, fim que nunca lhe foi dado. Atualmente, esse edifico, situado também à Rua Eduarda Vasques, de propriedade privada, mantém a traça original constituindo outro belíssimo exemplar arquitetónico do tempo de Eduarda Vasques.
Abel Pêra e Manuel Pêra
Dois irmãos Carregosenses, nascidos no final do século XIX, no lugar de Silvares, carpinteiros de profissão que, após imigrarem para o Brasil, se distinguiram como atores de renome no teatro e no cinema.
Manuel Maria Soares Pêra (https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_P%C3%AAra) uma referência no teatro e no cinema brasileiro. Participou em diversos filmes, dos quais se destacam “O Crime dos Banhados, em 1914”; “Onde Estás Felicidade? em 1939” e “Crime no Sacopã, em 1963”.
Carregosa ficará para sempre ligada a Terras de Vera Cruz através da família Pêra, quer pela popularidade dos irmãos Pêra, enquanto atores, quer da família ali constituída. Quem não se recorda da atriz Marília Pêra e Sandra Pêra, atrizes de renome no Brasil bem conhecidas também entre nós, em especial, através das telenovelas, filhas e sobrinhas, respetivamente de Manuel e Abel Pêra.
Abel Soares Pêra (https://pt.wikipedia.org/wiki/Abel_P%C3%AAra), nascido em Carregosa a 16 de novembro de 1891 imigrou ainda jovem para o Brasil onde se distinguiu como ator, sem que isso deixasse de lado a sua paixão pelos trabalhos em madeira. Como ator fez teatro, televisão e cinema, destacando-se a sua participação na novela Fogo Sobre Terra de 1974 e no cinema, onde participou em vários filmes, tendo a sua última participação em “O Casamento”, estreado em 1976.
Eng. Vicente Carlos Sousa Brandão
Nasceu em Lisboa em 1863 tendo falecido em Carregosa em 1916, na Casa do Souto de Ínsua, da propriedade das suas filhas, Ana Maria e Maria do Carmo, que a haviam adquirido por herança. Destacou-se como cristalógrafo, estudou em Saint-Gall Suíça, Paris e Freburg. Cientista em mineralogia, publicou inúmeros artigos originais e científicos em português, francês e alemão. Realça-se a sua colaboração na construção de um microscópio petrográfico pela Casa R. Fuess, em Berlim. Este instrumento científico encontra-se exposto no Museu Geológico em Lisboa. https://www.lneg.pt/collection/colecao-de-instrumentos-cientificos/. Dotado de um espírito aventureiro, faleceu na Casa do Souto de Ínsua, em Carregosa, tendo sido atribuído o nome Sousa Brandão à Rua onde esta propriedade do início do Sec. XVIII se encontra situada. Atualmente, a Casa do Souto de Ínsua mantém-se da propriedade da família Sousa Brandão, funcionando como Casa de Turismo Rural.
Sargento-ajudante da Armada José Valente Aguiar
(O Marinheiro)
Natural de Carregosa, nasceu a três de junho de 1915. Jurou bandeira em 23 de Maio de 1936, sendo nessa mesma data alistado definitivamente nas brigadas da armada.
Fez parte dos contingentes dos vasos de guerra Contra Torpedeiro “Lima”, N.H. “D João de Castro”, fragata “Diogo Gomes”, Contra Torpedeiro “Dão”, Flotilha de Dragaminas, N.R.P. “Nuno Tristão”, “Afonso de Albuquerque” e Contra Torpedeiro “Vouga”.
Em 14 de fevereiro de 1959 foi condecorado a com a medalha comemorativa da expedição militar a Timor; em 25 de Fevereiro de 1963 recebeu a medalha de comportamento exemplar; passou à reserva militar a 9 de Agosto de 1971. Em Carregosa, reconstruiu a sua residência, datada de 1757, dando-lhe um ar de marinheiro, como lhe estava no sangue. A sua residência foi por si doada à freguesia de Carregosa e hoje, depois de relevantes obras de restauro e conservação, serve de sede ao grupo de folclore local Associação Cultural Etnográfica S. Miguel de Azagães (ACESMA), ficando para sempre eternizada como a “Casa do Marinheiro”. Nesta casa construiu a Nau Catrineta, um tanque de água todo forrado a conchas e búzios, que o sargento foi colecionando nos quatro cantos do mundo ao longo da sua vida de marinheiro, desde o extremo oriente como Austrália, Timor, Macau, Singapura até à Índia, Moçambique, Angola, Cabo Verde, etc… Esta obra simboliza o corpo de um navio onde, para além de uma pequena cascata de água, podemos ver no nicho principal a representação da Sagrada Família, que sublinha o homem de fé que sempre o caracterizou. Doou também outros terrenos à Freguesia de Carregosa. Foi sempre muito sociável nunca fechando as portas da sua casa a quem vinha por bem. Era conhecido como educador nato dos valores da camaradagem por si adquiridos durante a vida militar. Foi o primeiro cidadão a ser agraciado com a mais alta distinção das distinções honoríficas da Vila de Carregosa, Medalha de Ouro, com a presença da Banda da Armada, em 30 de maio de 1999. Faleceu a 6 de maio de 2005 no hospital da armada em Lisboa, encontrando-se sepultado no cemitério da terra natal num mausoléu digno de visita.
(https://www.geocaching.com/geocache/GC6P1G8_a-casa-do-marinheiro-the-sailors-house)
Augusto Pereira dos Santos
Augusto Pereira dos Santos, nasceu em Gião em 1932. Foi emigrante no Brasil tendo regressado a Portugal, por volta de 1975. Passou a residir em Carregosa onde casou com a Sra. Tereza Joaquina de Almeida, que viria a falecer em 1978, sem descendência comum. Teve dois filhos.
O Senhor Augusto é, entre os Carregosenses, um grande benemérito desta freguesia, tendo doado grande parte do seu património à Freguesia de Carregosa, os quais se transformaram no Centro da Vila que temos hoje.
Foi nos terrenos que doou que a Avenida da República nasceu, que foi possível a construção do edifício da Junta e do Centro Social, assim como as obras de beneficiação posteriores da envolvente, como a Praça e os prédios que agora compõem o centro. Augusto Pereira dos Santos dá nome ao Parque Infantil do Centro Social e à Rua em frente à Junta de Freguesia. Recebeu a Medalha de Benemérito de Ouro como agradecimento da Freguesia aos seus contributos em 09 de junho de 2000. Veio a falecer nesta freguesia a 30 de junho de 2007, onde a sua figura estará para sempre associada à História de Carregosa.
Zé das Ovelhas
José Soares Sandiães, também conhecido por “Zé Ovelheiro, Zé das Ovelhas, Zé Sandiães ou Michão” era lavrador e negociante de ovelhas. Uma das figuras mais conhecidas do lugar de Vacaria, freguesia de Carregosa, homenageado com a atribuição do seu “apelido” a uma das ruas do lugar “Rua Zé das Ovelhas”.
Era conhecido pelo seu jeito para a cantiga popular, com estilo “maroto”. Cantou em inúmeras localidades da nossa região, tendo chegado a cantar no Palácio de Cristal no Porto. Cantou com alguns dos mais prestigiados cantadores do seu tempo, de onde se destaca Marques Sardinha. Era conhecido como um cantador polémico, atenta a linguagem “popular” utlizada. Mas não faltava, entre novos e velhos, quem o desafiasse a uma cantiguinha. Certa vez um rapazito pede-lhe “Ó ti Zé, cante uma cantiguinha das suas, cante…”. Vendo que o rapaz era um pouco trigueiro, o ti Zé cantou-lhe esta cantiga:
“Tu és um pouco trigueiro
Mas tens bonitos agrados
Queres que te cante uma cantiga
Mas inda tens os “tomates” pelados.”
Eram outros tempos, em que a malta se animava com outra simplicidade.
Padre Allyrio de Mello
Natural de Carregosa, foi padre, professor de filosofia no Seminário de Aveiro e escritor. Foi fundador do semanário aveirense Correio do Vouga, sendo conhecido como erudito e infatigável publicista. Teceu críticas a Eça de Queirós revelando um conhecimento profundo da literatura e filosofia, destacando-se como sua obra maior “Eça de Queirós, O Exilado da Realidade”, publicado em 1945. Faleceu em Oliveira de Azeméis em 1973.
Conselheiro Manuel Joaquim Tavares da Costa
Natural do lugar de Teamonde, Carregosa, com o seu trabalho, dedicado e sério, chegou ao topo da magistratura no Supremo Tribunal de Justiça, tendo o seu mérito sido reconhecido pela Freguesia de onde é natural com a atribuição do seu nome a uma Rua no lugar de Teamonde.
Comendador João Borges de Almeida
Natural de Teamonde, freguesia de Carregosa, ficou conhecido entre os carregosenses como um gentlemen. Senhor de uma grande fortuna deve-se a si a abertura da estrada que liga o Largo da Igreja Matriz até ao Largo da Capela da Senhora da Ribeira, mais conhecida por “Estrada de Teamonde”. Como reconhecimento a freguesia atribuiu-lhe o seu nome, R. João Borges de Almeida.
Padre Joaquim Baptista Aguiar
Natural de Carregosa o Pe. Joaquim Aguiar, juntamente com o seu irmão Pe. Alfredo, foi fundador do primeiro Colégio do concelho de Oliveira de Azeméis, no lugar de Azagães. A quinta da sua propriedade, sita no lugar de Azagães, conhecida como “Quinta do Pe. Aguiar”, foi por si utilizada, durante alguns anos, como colónia de férias, revelando dessa forma a dedicação para com os mais jovens e carenciados.
https://arquivo.cm-valedecambra.pt/index.php/almoco-de-criancas-colonia-de-ferias-na-quinta-do-padre-joaquim-batista-de-aguiar
Realça-se também o papel do Pe. Joaquim Aguiar, na história da 1ª Guerra Mundial, onde interveio como Capelão militar. Consta-se que terá sido confessor do soldado João Augusto Ferreira de Almeida, de 23 anos, natural do Porto, condenado à morte por deserção para o inimigo e fuzilado na fria manhã de 16 de setembro de 1917. O soldado João Almeida ficou na história como o único caso português onde a pena capital foi aplicada no conflito.